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Quando as pessoa boas são infieis
Quando as pessoa boas são infieis

Depois de entrevistar 2 mil americanos, a psicóloga Mira Kirshenbaum concluiu que 57% dos homens e 35% das mulheres estão propensos a ter um caso extraconjugal - tanta gente, segundo ela, não pode ser simplesmente mal-intencionada. 'Na traição, procuramos o que nos falta', diz a terapeuta. 'Se soubermos achar isso no parceiro, não teremos vontade de trair.' Mira acaba de lançar When Good People Have Affairs (Quando Pessoas Boas Traem) e fala aqui de como agir se o adultério acontecer

Em seu livro, você diz que ter um caso pode ser a melhor maneira de saber o que realmente queremos. Como? A traição pode tirar a pessoa da inércia. Muitos acham seus casamentos sufocantes e, nesses casos, uma relação extraconjugal é a primeira oportunidade em muito tempo de explorar quem se é realmente e o que se busca.

A traição é positiva? Ela é quase sempre destrutiva e dolorosa demais para valer a pena. Em alguns casos, porém, pode ajudar alguém a se dar conta de que está em um casamento ruim. Em outros, pode ajudar a perceber que o companheiro é, de fato, aquele com quem deve ficar. Ter um caso fora do casamento é uma maneira confusa e desajeitada de as pessoas encontrarem seus caminhos.

Você disse que, se alguém quiser reconstruir o casamento, não deve contar sobre a traição. As mentiras são necessárias para manter a relação? Quanto menos mentira, melhor. Um casal deve ser franco, mas existem certos segredos que devem ser mantidos. Imagine que um homem fantasie com a Gisele Bündchen quando faz amor com sua mulher. Que bem ele fará a ela se contar esse segredo? Qual seria o objetivo de contar que você se envolveu com outra pessoa? O critério para se contar segredos é avaliar a dor que a revelação pode causar. A regra moral é não machucar ninguém.

'Se quiser reconstruir a relação, contar a traição só vai atrapalhar'

Mas revelar a traição não poderia ser um sinal de mudança ou confiança? Se você está terminando o seu casamento, não fará diferença. Mas se quiser reconstruir sua relação, contar a traição só vai atrapalhar. A pessoa não ficará tocada pelo seu gesto de revelar tudo. Ela ficará machucada pela traição, e você não precisa magoá-la. Apenas seja sincero consigo mesmo e aponte para qual caminho seguir. Nessas horas, é bom levar em conta que mais vale um divórcio que um casamento destrutivo.

Qual foi o objetivo de seu novo livro? Há dois objetivos principais. O primeiro é o controle de danos. Quero mostrar que uma traição pode ser superada se o casal realmente quiser ficar junto. Quero também diminuir a dor nos corações mostrando que a traição não foi sinal de uma maldade. Muitas vezes é a forma que alguém encontrou para lidar com uma situação desfavorável. Claro, descoberta a traição, o parceiro terá de se mostrar empenhado em reconstruir os laços de confiança e deverá compreender que a dor e a raiva do companheiro não se dissipam facilmente. O segundo objetivo do livro é blindar a pessoa contra o remorso destrutivo, que a prende ao passado e a impede de seguir em frente. Após contabilizar os danos da traição, ela tem de buscar a reconstrução.

Quando uma pessoa boa trai, existe sempre um motivo nobre por trás, como autoconhecimento? Não podemos ter a idéia de que pessoas boas fazem apenas coisas boas e pessoas ruins, apenas coisas ruins. Todos fazemos coisas ruins, e isso não significa que sejamos pessoas más. As pessoas boas traem quando não estão felizes no casamento. Elas estão confusas, oprimidas, e ter um caso é uma forma de trazer alívio àquela situação sufocante.

“Ter um caso fora do casamento é uma maneira confusa e desajeitada de as pessoas encontrarem seus caminhos”

E o que são pessoas boas? São aquelas que tentam ao máximo fazer as coisas certas. Elas erram, mas se arrependem verdadeiramente quando fazem algo ruim. Com a minha experiência clínica, sei que são aquelas que estão realmente horrorizadas com a dor que causaram. Não tiveram um caso porque não ligam para o parceiro, mas porque estavam agoniadas. Já uma pessoa ruim não se importa com quem machucou. Só faz o que vem à cabeça, seja lá qual for o custo para os outros.

Você já traiu? Nunca. Sou incapaz de machucar alguém. Não estou me gabando, é a maneira como meu sistema nervoso foi construído. Mas meu marido teve um caso e eu fiquei arrasada. Desperdicei muito tempo e me machuquei muito presa à idéia de que ele era uma pessoa ruim. Com o tempo, percebi que ele era o homem bom que sempre conheci. Eu também não estava isenta de culpa. Estava tão voltada para o meu trabalho que me afastei de meu marido e o fiz pensar que eu não ligava para ele. Teria nos ajudado muito se, em vez de brigar, tivéssemos nos esforçado para compreender o que o levou a me trair. Fizemos esse exercício de compreensão depois e estou muito orgulhosa.

E o que aconselharia a quem descobriu que o parceiro andou traindo? Não faça ou diga nada em um primeiro momento. Acredito em amor verdadeiro e acho que uma relação amorosa pode ser recuperada. Por isso, ache alguém sensato para conversar a respeito. Pense: você quer essa pessoa de volta se existir alguma maneira de perdoar e reconstruir a confiança? Depois entenda por que seu parceiro teve um caso. O motivo ajudará a entender o que vocês dois devem fazer para melhorar o relacionamento.